Os Fanzines (revistas caseiras xerocadas) circularam em massa. Eram produzidos de forma artesanal (datilografia, colagem, desenho), onde se reunia tudo: resenhas, letras, biografia das bandas, recortes. Nas cartas, os zineiros incluíam endereços de outros fanzines e bandas por meio de flyers, abrindo uma rede de contatos que atravessava o Brasil, e até o mundo. A internet era uma ideia distante e as relações eram construídas com espera (de até 15 dias por carta/fita), selos, xerox e confiança .
Fanzines especializados em metal: publicações xerocadas e sem periodo determinado de lançamentos, cobriram a explosão latino-americana, e também grupos gringos. Teve também casos de fanzines que pouco tempo depois se tornaram revistas conhecidas no mundo todo como foi o caso da Rock Brigade, com distribuição nacional em revistarias e bancas de jornais.
Troca de fitas K7 (Tape-trading)
A cultura da K7 floresceu como forma de divulgação alternativa. Bandas gravavam demos em fitas K7 e trocavam via correspondência. Era comum enviar listas de gravações disponíveis para fazer trocas, ou mesmo vender fitas pelo correio. Pensa na alegria quando o carteiro chegava com varias correspondencias em casa.
Junto às cartas, vinham flyers, release, fotos de shows e bandas, cartazes e até fita K7 com gravações de demos ou lives. Esse material ajudava a montar a identidade visual dos coletivos e movimentava a cena.
Produção independente de demos e coletâneas
Gravações caseiras: demos de estúdio, lives e os primeiros discos marcaram o início da produção semiprofissional no Brasil .
Selos independentes: Cogumelo records, Baratos e Afins e até mesmo a Rock Brigade lançaram discos de bandas brasileiras que mais tarde ficaram reconhecidas mundialmente.
Festivais e shows DIY (Faça você mesmo)
Bandas locais se apresentavam em espaços alternativos e até mesmo em garagens, com organização própria – a partir de cartas, colagem de posters pelas ruas, flyers em fanzines e divulgados nos points. Esse circuito autogerido criou o calor da cena dos anos 80.
Bandas locais e fãs do gênero organizavam eventos em espaços alternativos como em garagens e centros culturais e espaços alternativos. Festivais como "O Começo do Fim do Mundo" (SP, 1982) reuniram punks e anarquistas, com exposições de discos e fanzines, apoiados pelos próprios grupos envolvidos .
Conclusão
A rede da cena underground dos anos 80 foi construída por cartas, points e fitas K7, criando uma teia sólida e descentralizada. Pontos físicos reuniram fãs e bandas, fomentando debates, organização de shows e ações de selos. Tudo isso sem Google, Insta, Face ou qualquer outra rede social: era a era do encontro cara a cara, da fita demo gravada na sala de casa e do xerox dobrado com amor, uma era em que o underground era construído no calor das ruas, do correio e da pura vontade de fazer acontecer.
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